quinta-feira, 26 de julho de 2012

Após Cremerj proibir parto em casa, gestantes organizam protesto no Rio

A empresária Renata Deprá, uma das organizadoras do protesto (Foto: Renata Deprá/Arquivo pessoal)
Grávidas organizam uma manifestação contra a decisão do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, que proibiu médicos de realizarem partos domiciliares, em determinação publicada no dia 19.
Batizada de Marcha Pela Humanização do Parto, a passeata está marcada para o dia 5 de agosto, às 14h, na Praia de Ipanema, Zona Sul do Rio, com concentração no Posto 9.
"Convocamos não apenas gestantes, mas todas as pessoas que se sensibilizam com a questão", diz a engenheira agrônoma e empresária Renata Deprá, uma das organizadoras do protesto. "Esta decisão do Cremerj é totalmente arbitrária", destaca.
Mãe de Dandara, de 5 anos, e Theo, de 2, Renata conta que já passou pelas duas experiências: no caso da filha, submeteu-se a uma cesariana. Já o menino nasceu de parto normal, na casa da mãe. Agora, grávida de Pablo há 8 meses, pretende repetir o procedimento caseiro mesmo depois da resolução do conselho regional.
"Quando tive o Theo, procurei um parto desmedicalizado, como a gente costuma falar. Deixei meu corpo funcionar e recebi meu filho de forma mais respeitosa, assistida por uma equipe humanizada. E isso é possível. Toda mulher pode ter um bebê de forma fisiológica. Ou, ao menos, tentar. O que acontece é que os médicos desencorajam as mulheres", diz a engenheira.
Para ela, é grande a diferença entre ter um filho num ambiente hospitalar e num local familiar, como a própria casa. Meu bebê pôde ficar comigo o tempo todo, fiquei horas com ele no colo. Além disso, o pai e a irmã dele estavam em casa e já puderam conhecê-lo imediatamente. Nada disso é possível num hospital", afirmou.
Doulas
Uma segunda resolução do Cremerj proíbe que as doulas - que dão suporte a grávidas durante a gravidez e o parto - acompanhem as mães nas maternidades. Uma determinação ainda mais rígida, segundo a funcionária pública Celina Imbassahy. Aos 31 anos, ela se prepara para ter sua primeira filha. Em casa.
"As doulas facilitam demais o trabalho de parto. Há mulheres inclusive que dispensam anestésicos e conseguem suportar melhor o procedimento de um parto natural quando têm uma doula ao lado. Espero que essas duas resoluções caiam e que o Conselho Federal de Medicina regulamente isso de uma outra forma. Porque é revoltante", ressalta Celina.
A indignação de Renata e Celina com relação às determinações do Cremerj já parece fazer efeito. A Defensoria Pública do Estado recebeu informações do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) sobre a questão, que serão discutidas na quinta (26), numa reunião entre as coordenadorias dos Núcleos Especiais de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem) e de Defesa dos Direitos Humanos (NudeDH). O Coren-RJ ingressa até a sexta-feira (27) com uma ação civil pública contra as resoluções.

Por:Miccaela Hilary

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