Era o mais desejado e o mais temido dos adversários.
O Corinthians terá pela frente o Boca Juniors na final da Libertadores.
Os argentinos seguraram com garra e catimba a pressão da Universidad de Chile.Em Santiago, no Estádio Nacional, diante de 55 mil chilenos desesperados.O time andino nunca venceu uma Libertadores e sonhava com o primeiro título.
O frio time do Boca Juniors não se impressionou e conseguiu o 0 a 0.
Na Bombonera havia quase que garantido a classificação ao vencer por 2 a 0.Mas ela foi sacramentada no campo do inimigo, sem piedade.Assim como os portenhos eliminaram o Fluminense no Engenhão.
Eles parecem se nutrir da desgraça alheia.
Não é por acaso o clube mais tradicional da Libertadores.
Completou com essa a décima vez que chega à uma final.
Já venceu seis vezes.
Quer se igualar ao Independiente com sete.A história é cruel para o Corinthians nos confrontos entre os dois clubes.Em quatro jogos, o time brasileiro nunca venceu.
Pela Mercosul, em 2000, derrota por 3 a 0 no Bombonera.
E empate em 2 a 2 em São Paulo.
Pela Libertadores os dois times só se enfrentaram uma vez.
Nas oitavas de final de 1991.Eu cobri as duas partidas para o Jornal da Tarde.Cheguei dois dias antes do jogo na Bombonera.Minha missão era entrevistar a estrela do time argentino na época.O meia-atacante Diego Latorre.Aproveitei e falei também com o atacante revelação, Gabriel Batistuta.Naquele tempo o contato era muito fácil.
Bastou terminar o treino do Boca e consegui as entrevistas, sem problemas.
Lembro que Nelsinho, então técnico do Corinthians, dizia que não tinha medo da Bombonera.
E que o time havia vencido o Campeonato Brasileiro.
Mas queria a Libertadores, se impor como o melhor da América do Sul.
A fixação no torneio vem de longe.
O treinador apostava na coragem corintiana.
Mas não foi o caso do bom zagueiro Guinei.
Visivelmente nervoso, ele falhou demais e ofereceu a vitória aos argentinos.
Batistuta fez o que quis com ele.
Marcou dois gols na vitória por 3 a 1 para os argentinos.
Nelsinho Batista ficou revoltado, dizendo que em São Paulo haveria o troco.
O jogo de volta aconteceu no Morumbi debaixo de chuva.
E quem falhou de novo?
Guinei.
Depois do empate em 1 a 1 e a confirmação da eliminação do Corinthians, o jogador ficou marcado.
Personificou a primeira vítima da fixação do clube pela Libertadores.
O Boca Juniors não tem mistério.
É uma equipe tinhosa e que usa bem demais o fator casa.
Se desdobra para ganhar na Bombonera.
E depois jogar toda a responsabilidade para o adversário que precisa virar o resultado.
Será o que procurará fazer já na semana que vem com o Corinthians.
Usar a Bombonera e a paixão da sua torcida para largar na frenta na decisão.
O time tem Riquelme, mas é Santiago Silva que costuma roubar a cena.
Atacante uruguaio grandalhão, tosco, mas artilheiro.
Ele teve uma passagem meteórica pelo Corinthians em 2002.
O 'Tanque', como gosta de ser chamado, fez apenas uma partida.
Acabou dispensado.
Mas ganhou experiência na Europa e é responsável por assustar os zagueiros adversários.
E empurrar a bola como puder para as redes.
Schiavi é líder que comanda a defesa.
Aos 39 anos, sabe os atalhos para ganhar as divididas e irritar os adversários.
O grande trunfo do time do técnico Julio César Falcioni é a personalidade do time e seu forte sistema de marcação.
Costuma contragolpar em velocidade.
A apaixonada torcida do Boca que lota o Bombonera é impressionante.
Canta e grita pelo time mesmo que esteja perdendo.
Nem pensar em vaiar o time do coração.
Diego Maradona já avisou que tentará sair do Oriente Médio para acompanhar a final contra o Corinthians.
Lá na Bombonera, onde tem o seu camarote especial.
Tevez deverá estar lá, torcendo por seu time de coraçao, o Boca.
Tite e os jogadores não vão assumir.
Mas o Corinthians ficou com seu pior adversário nestas finais.
Se o time quer mesmo fazer história não há melhor hora.
Ganhar a sonhada Libertadores vencendo o Boca Juniors.
A chance chegou.
Para o bem ou para o mal.
O time de Riquelme estará esperando ansioso pela visita corintiana na próxima quarta-feira.
E ele não costuma ser um bom anfitrião..
Por:Raudiney Amaral
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