MARCOS NAGELSTEIN/JCRecursos serão aplicados nos próximos anos para ampliação das unidades de produção da empresa
As Empresas Randon anunciarão amanhã um plano de investimentos para os próximos anos. A solenidade está marcada para as 11h no Palácio Piratini, com presença do governador Tarso Genro. Informações detalhadas não foram divulgadas em respeito ao período de silêncio que a empresa tem de cumprir até a divulgação para o mercado por meio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas o valor ficará em torno de R$ 2,5 bilhões. No último plano quinquenal, de 2005-2009, a organização aplicou R$ 900 milhões.
O governador Tarso Genro comentou que o investimento se originou de uma exaustiva negociação entre a Randon, as agências financeiras do Estado e a Secretaria de Desenvolvimento para proporcionar a expansão de uma empresa que “é caracteristicamente nacional e gaúcha, dona de um parque de geração de emprego e de coesão social”. Destacou que o investimento é originário da política industrial gaúcha e que o governo fez um trabalho exaustivo com os técnicos, quadros dirigentes e economistas da Randon para que a negociação chegasse a bom termo.
“O Estado é parceiro deste investimento, colocando os incentivos tributários e fiscais necessários. É um aporte extraordinário; não é qualquer um que consegue”, comemorou. Segundo o governador, “este é o maior aporte individual (de um grupo), mas provavelmente não será o maior ao longo do governo”. Disse que o Estado vem fazendo outras tratativas e que os investimentos internos e externos são de média e longa maturação.
Em torno de 45% do valor total do investimento da Rando, algo perto de R$ 1,1 bilhão, deverá se concentrar no complexo fabril de Caxias do Sul, onde a organização mantém a produção de implementos rodoviários, veículos especiais e autopeças para o segmento de transporte pesado de cargas e passageiros. Nos últimos dois anos a empresa investiu R$ 438,8 milhões e, para 2012, a projeção é de R$ 400 milhões.
Outra parte deve ser direcionada à aquisição e parcerias estratégicas, dentro da política da Randon de também crescer por meio de compras. No último trimestre de 2011 anunciou dois negócios: a aquisição da Folle Indústria de Implementos Rodoviários, de Chapecó (SC), onde investirá R$ 100 milhões, entre aquisição, ampliação de capacidade e modernização, e a Freios Controil, de São Leopoldo, por meio da controlada Fras-le, pelo valor de R$ 10 milhões. Em 2008, a mesma empresa adquiriu unidade de negócios de pastilhas de freios da Haldex, nos Estados Unidos, por US$ 4 milhões.
Também não está descartada a possibilidade de a empresa anunciar o ingresso em outros nichos de mercado por meio da produção de componentes. Dentre os setores possíveis estão o marítimo, com fornecimento de peças para construção de plataformas, e o agrícola, por meio das empresas de autopeças, especializadas em freios, suspensões e eixos.
A Randon tem estimativa de receita bruta de R$ 6,1 bilhões para este ano, 5% inferior ao consolidado em 2011. Já a receita líquida de R$ 4,2 bilhões crescerá 2,5%, influenciada pelo melhor desempenho das exportações, estimadas em US$ 330 milhões. A companhia emprega, atualmente, perto de 12 mil pessoas.
Ontem, as ações da Randon Participações (PN N1), que no dia anterior fecharam em queda de 4,5%, encerraram o pregão valorizadas em 1,04%, a R$ 9,65.
A empresa fechou o primeiro trimestre de 2012 com lucro líquido de R$ 18,8 milhões, recuo de 72%. Amargem líquida caiu de 7% para 2,6%. Uma das principais causas foi a elevação dos custos de produção em 3,7 pontos percentuais, aproximando-se dos 78% da receita líquida. A receita bruta apresentou queda de 22,4% no trimestre.
O resultado está diretamente ligado à antecipação de compras de veículos comerciais no final de 2011 devido à mudança na legislação de emissões, com a introdução compulsória, a partir de janeiro deste ano, de motores dotados com a tecnologia Euro V.
Thyssen estuda vender siderúrgica no Rio
A ThyssenKrupp anunciou ontem que examina “opções estratégicas em todas as direções” para vender a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), inaugurada em junho de 2010 no distrito industrial de Santa Cruz, na zona Oeste do Rio. Segundo a multinacional alemã, as opções podem incluir a formação de parcerias ou até mesmo a venda de sua participação de 73,13% na empresa - os outros 26,87% pertencem à Vale, que não comentou o assunto.
Ao comunicar a medida para o conselho de supervisão da Thyssen, o conselho executivo atribuiu a decisão à “mudança dos parâmetros econômicos” tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, onde as placas de aço produzidas pela CSA são processadas. A fábrica americana também terá seu destino avaliado. A estratégia inicial da Thyssen era produzir as placas a baixo custo no Brasil e processá-las nos Estados Unidos para posterior venda no Nafta Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).
De acordo com a empresa, porém, essa estratégia foi comprometida pelo aumento dos custos no Brasil e pela queda da demanda nos Estados Unidos por conta da crise econômica. “Os custos de produção no Brasil estão crescendo de forma desproporcional devido a ônus trabalhistas crescentes, efeitos inflacionários e, em particular, pela apreciação da moeda”, informou a empresa em comunicado, citando ainda a alta do preço do minério de ferro como fator preocupante.
“Ao mesmo tempo, devido à baixa demanda, provavelmente só será possível alcançar prêmios sobre o preço no mercado norte-americano, agora e no médio prazo, em setores e tipos específicos de aço”, disse a empresa.
Além do cenário global desfavorável, a siderúrgica enfrenta ainda ações na Justiça do Rio. No ano passado, a empresa e seu diretor de sustentabilidade foram denunciados pelo Ministério Público por supostos crimes ambientais que resultaram na emissão de poeira de grafite na vizinhança.
A empresa negou as acusações e afirmou que os padrões legais de qualidade do ar não foram desrespeitados. Disse ainda ter feito investimentos para melhorar o desempenho e evitar novas emissões.
Por:Raudiney Amaral
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