terça-feira, 3 de maio de 2011

COMENTáRIO: OS SHOPPINGS MATAM A CIDADE

Macuco Notícias

 

A preocupação de a Câmara de Salvador tentar impor um projeto para a cobrança do estacionamento nos shopping centers da cidade tem uma dimensão que extrapola a casa legislativa e pode (somente pode) chegar a outros interesses. Em outros tempos encontraria resistência em João Henrique que lutou, e lutou muito, para impedir esse tipo de cobrança. Agora não se sabe exatamente o que pensa o prefeito. Ele não concedeu alvará para que os donos de shoppings cobrem pelo estacionamento de quem os frequenta. Se mudar de posição terá que se explicar e pode tropeçar na desmoralização. Assim como a Câmara de Vereadores, mas aí o problema é diferenciado. O colegiado é uma geleia geral de interesses diversificados. Os shoppings estão presentes em todas as grandes cidades do mundo, com exceções, mas normalmente só lhe são permitidos se instalar distante dos centros, para que não causem problemas na mobilidade urbana nem assassine a cidade com o fechamento de lojas, enfim, do comércio ao ar livre. Aqui em Salvador deu-se o inverso. O resultado é o pior possível. Os shoppings, por incrível que pareça, estão matando o comércio aberto de Salvador, como aconteceu com a Baixa dos Sapateiros, com a outrora reluzente Rua Chile. A Avenida Sete resiste com outras características. É território livre dos camelôs. Os bairros, como a Barra e a Pituba, estão marcados pela insegurança. As dificuldades estão às claras. Observem se na cidade de Paris há shoppings. Há, sim, um belíssimo comércio de rua. Em Nova Iorque, Londres, Miami, Washington, Roma, e por aí vai, esse tipo de comércio fica à distância. Esta cidade é diferente: é da especulação dos que têm dinheiro. O centro de Salvador está em acelerado processo de decadência e, entre os problemas ou razões dessa realidade estão os shoppings, que deveriam estar distantes, na periferia. Cobrar pelo estacionamento neles é escorraçar quem os utiliza para programas de diversão, sobretudo no final de semana. Como querem, só terão direito ao estacionamento quem pagar por ele ou consumir. E não é pouco, consumir algo em torno de R$ 30, no mínimo. Com a escorcha, os domingos e feriados não terão as crianças nesses tipos de estabelecimento que pretendem faturar mais de R$ 60 milhões/mês somente com os estacionamentos. É apenas um cálculo que se faz. Eles deram início a uma campanha (mais uma investida ou tentativa) com a Câmara de Vereadores no centro e tendo-a como aliada. João Henrique o que fará? Ganhou eleições também por resistir a tais cobranças. Mas, e agora? Os shoppings estão elitizados. E o seu entorno? E as vias públicas que eles engarrafam ofendendo a mobilidade? Salvador vai se transformar, se tal acontecer, em uma cidade em que, nos domingos, os lares dos que não podem pagar se transformarão em prisão domiciliar. Porque espaço público para diversão não existe, a não ser as praias degradadas em uma Orla que ofende a ética e a beleza de uma Salvador que tem um dos mais belos litorais do Atlântico Sul. Vamos ver o que acontece.

Por:Raudiney Amaral

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